Se você assistiu a reportagem do Fantástico que passou meses atrás, certamente deve ter ficado assustado com a realidade que passaram. Claro que aquela foi uma reportagem mal feita ou comprada. Não é interesse do Conselho de Medicina que tenham pessoas saindo do Brasil para estudar medicina no exterior. Não sei se a questão é de quem está estudando no exterior ou se é quem estuda na Bolívia. Em primeiro lugar quero deixar claro que aqui não é pagou-passou. A ideia que passam no Brasil, principalmente das empresas que trazem estudantes para cá ou para outro país é que aqui é sem vestibular, não é bem assim. O que existe aqui é um Ciclo Básico Comum (CBC) em que todos para poder entrar na faculdade tem que aprovar matérias especificas do curso, no caso de medicina são: anatomia, química, antropologia, atenção básica a saúde, metodologia, biologia celular e espanhol. A diferença do Brasil é que aqui você estuda as especificas do curso, e não geografia, história, física etc. Quando aprovado o CBC (e acredite muitos reprovam!) ai sim você entra na faculdade de medicina.
A grande diferença do Brasil é que aqui na maioria das faculdades não existe vagas limitadas, isso vale também para Universidade de Buenos Aires (UBA) , uma das melhores do mundo. Para entrar na faculdade só depende de você aprovar as matérias.
Como nem tudo são flores, se manter na faculdade aqui requer muito esforço. Além de estudar medicina - que por si, já é difícil - você ainda tem que se adaptar ao clima, língua, alimentação, estar longe se sua família e tudo mais. Não é tão fácil assim. Muitos voltam por não se adaptarem. O sistema aqui de avaliação também é diferente do Brasil, aqui fazemos em média um parcialito (teste) por semana, e você tem que aprová-los para poder estar apto a fazer a prova. As provas são 3 por ano, e para poder fazer a Final - que é um tipo de vestibular, porque cai todos os assuntos do ano todo - você tem que ter todas as provas aprovadas. Vale salientar que a avaliação aqui é escrita, oral e em algumas matérias também tem avaliação prática. As finais costumam ter em média 100 perguntas e você tem que responder todas em no máximo 2 horas. E quando você finalmente termina o seu curso, ainda tem que passar pela revalidação de diploma, onde muitos demoram anos para conseguir revalidar, porém esse já é outro critério, creio que depende exclusivamente do estudante em aprovar, de seus estudos e esforços. Conheço médicos no Brasil que aprovaram de primeira e estão trabalho muito bem obrigado! Além disso a grande maioria que reprovam na revalidação não são da Argentina!
Lembro que na reportagem, filmaram um faculdade lá na Bolívia onde as condições são péssimas. Algumas pessoas chegaram para perguntar se as fauldades daqui são daquela forma, só com uma estante de livros e com pessoas passando fome. Não conhecemos ninguém aqui naquela situação, e pra falar a verdade, se tivesse voltaria no mesmo mês, já que aqui em Bs As alimentação, moradia, tudo é caro. O barato é só a faculdade e mesmo assim há muitas aqui que custam o mesmo valor das faculdades brasileiras.
Creio que essa "implicância" não é com quem estuda na Argentina, e sim na Bolívia, mesmo assim acho que antes de passar uma reportagem dessas deviam avaliar as faculdades, porque sei que na Bolívia também tem ótimas faculdades, mas pegam a pior que tem e mostram para o Brasil inteiro.
As fotos são da fauldade em que estudamos, Barceló. É para essa onde a maioria dos estudantes brasileiros tentam ingresar, porém até onde soube, ano passado só se formaram 2 alunos brasileiros, isso porque muitos no percorrer dos anos desistem, tranferem ou atrasam mesmo o ano por não aprovarem nas matérias.
A Faculdade Barceló tem 2 sedes em Buenos Aires, e 3 na Argentina: Bs. As., San Tomé e Larioja.
Um comentário:
falou bonito!
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